Desconcentrado - Parte V
- Bacchus Creators
- 11 de nov. de 2024
- 3 min de leitura

Carlos teve que se esforçar para voltar para casa. Ele não conseguia escapar das lembranças daqueles minutos. Fechava os olhos e a cena se desenrolava com nitidez de detalhes. A intensidade dos beijos dele, suas mãos acariciando o corpo dela, os sons de prazer que cada um emitia eram apenas alguns dos detalhes que se repetiam em sua mente. De relance lembrava também do sorriso de Kike enquanto notava seu olhar atento e imóvel. Ele sentia um aperto que era ao mesmo tempo inveja e desejo, como se aquela proximidade entre Kike e a namorada fosse tão intensa quanto sua distância dele.
Somente o pensamento de ser a namorada dele, ali, o deixava excitado. Naquela noite se masturbou múltiplas vezes, sendo ele tocado, beijado, agarrado por Kike. Era um desejo ardente que não lembrava ter sentido antes. Era uma nova experiência, e uma experiência muito instigante. Queria mais. Já havia assistido a bastante filmes de conteúdo adulto com homens e mulheres, mas era diferente ver aquilo ao vivo. Os peitos dela balançando com ritmo, as pernas dele fazendo força contra o chão, mais e mais detalhes que o traziam de volta para aquele momento.
Ele lembrou eventualmente do comentário de Kike sobre os olhares incessantes que lançava a ele e à namorada. Por um instante, Carlos indagou se ele realmente a olhara com tanto interesse assim. Ela era, sem dúvida, linda, mas algo nele dizia que seu olhar sempre retornava a Kike, e ele não resistia. A atração não era só física; era uma espécie de admiração quase reverente, um desejo de querer satisfazer aquele homem e tocar aquele corpo.
No dia seguinte, no trabalho, ele tentou se concentrar inúmeras vezes, mas a rotina parecia borrada, as horas se arrastavam enquanto sua mente se voltava para ontem como uma fixação. Havia momentos em que se irritava consigo mesmo, ansioso por deixar essas memórias para trás, retomar o controle sobre seus pensamentos. No entanto, sempre que conseguia focar em outra coisa, não queria esquecer detalhe algum e qualquer coisa o fazia lembrar e reviver tudo novamente. Era como se ele quisesse que aquelas cenas se tornassem parte dele, que a intensidade daquele momento nunca se apagasse.
No almoço, pegou-se distraído, o garfo suspenso no ar enquanto seus colegas de trabalho o observavam, confusos com sua ausência. Ele disfarçava, sorria, mas sabia que não conseguia enganar a si mesmo. Tudo o que queria era voltar no tempo, estar de novo no apartamento de Kike, vivenciar cada toque, cada olhar e cada palavra. Aquela mistura de desejo e frustração crescia nele como um peso, um anseio de estar ali de novo, mas dessa vez ocupando o espaço que, de alguma forma, ele acreditava que poderia ser seu. Era quase uma crueldade, e havia algo naquilo que o capturava.
Depois do trabalho, foi à academia mais cedo do que o habitual, como se fosse inevitável não procurá-los. Caminhou pelas áreas de treino, passando pelos aparelhos com um olhar incerto, quase desesperado. Sentiu-se ridículo e vulnerável, esperando pelos dois. Mas havia poucas pessoas ali, e ele não os encontrou. Carlos pegou o celular várias vezes, tentando se distrair, mas o vazio das notificações o incomodava. Nenhuma mensagem. Nenhum sinal deles. Sentiu um misto de frustração e incerteza, sentiu-se usado, mas não podia reclamar.
Ou podia?
Ele terminou seu treino, foi ao vestiário, tomou seu banho e nem reparou nos corpos desnudos que estavam ao seu redor. Uma voz dentro dele, antes tímida e receosa, agora se tornava clara: era hora de agir. Se ele quisesse mais, se queria realmente entender onde aquilo poderia levá-lo, não podia ficar esperando. E era Kike quem ele queria. Somente ele. Secou-se, vestiu-se e foi embora decidido.
Com os dedos tremendo ligeiramente, Carlos abriu a conversa e começou a digitar. Cada palavra parecia um risco, uma exposição, mas ao mesmo tempo, sentia que era o único caminho possível. Respirou fundo, não tinha conseguido articular nenhuma frase ainda. Com dificuldade, escreveu:
“Oi seu gostoso,
Não vi vocês na academia hoje. Queria te agradecer pessoalmente pelo convite, acho que nunca fiquei com o pau tão duro assim na vida. Delícia. Não desaparece.”
Releu a mensagem e duvidou de si mesmo. Tinha sido ele capaz de expressar tudo aquilo em tão poucas palavras! Era com certeza ousado, explícito, mas era a verdade. Era o que sentia, o que queria que Kike soubesse. Respirou fundo, encheu-se de coragem e apertou a tecla “enviar”.....
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